Segundas de Inovação: Quanto custa pensar? Uma mensagem dos ETs? O Formula 1 dos transistores? E mais
Pensar usa quanta energia? E outras questões

Sabe o que significa “schadenfreude”. É alemão e, até onde sei, uma palavra que existe apenas na língua tedesca.
Significa alegrar-se com a desgraça alheia. Não precisa ser uma desgraça terrível, algo que cause efeitos realmente deletérios. Rir de um tropeção que o cara da frente deu na rua é schadenfreude.
Eu, por exemplo, adoro ver aqueles vídeos de terraplanistas pondo à prova suas visões cósmicas — e falhando miseravelmente.
O problema é que o principal, talvez único, argumento científico que empregam é o “bom senso”.
Mas o conhecimento científico costuma ser contraintuitivo. Pode parecer estranho hoje em dia, mas a ideia de a gravidade ser uma força que atua na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias não havia ocorrido a ninguém antes de Isaac Newton.
A ideia mais bem aceita derivava de Aristóteles. O filósofo (384–322 a.C.) acreditava que todos os corpos buscavam seu "lugar natural". Para ele, objetos feitos de terra ou água tendiam a se mover para o centro do universo — que ele considerava ser a Terra — enquanto elementos como ar e fogo se moviam para cima. Essa visão dominou o pensamento ocidental por séculos.
A teoria de Newton é tão contrintuitiva que os terraplanistas (olha eles aí de novo!) procuram desconsiderá-la, “explicando” a queda dos corpos por sua densidade —o que é uma bobagem, considerando todos os experimentos que já foram realizados.
Psicólogos chamam isso de resistência instintiva: desde criança, somos guiados pelo “bom senso”, o que torna difícil aceitar quando a ciência diz o contrário. Estudos em neurociência mostram que compreender ideias científicas exige que inibamos a intuição inicial (“controlador inibitório cerebral”), permitindo que conceitos não intuitivos sejam assimilados.
Este post traz um exemplo disso. Eu sempre acreditei que pensar gastasse muita energia. Muito mais do que naqueles momentos em que estou relaxando, “pensando na morte da bezerra”. Bem, eu estava enganado. O cérebro usa energia principalmente para o que se chama “manutenção”. Confira.
Confira também as notícias sobre estranhos pulsos de energia do espaço, um transistor super rápido e o novo modelo do Google.
Antes, o haikai. Um mistura da famosa metáfora do matemático Edward Lorenz sobre a teoria do caos — “O bater de asas de uma borboleta no Brasil poderia desencadear um tornado no Texas?” — com o fato concreto de eu estar não no Texas mas em Seattle no dia 1º de março de 2001, bem a tempo de experimentar um terremoto
Asas de borboleta
Uma mensagem do Brasil para mim?
Seattle treme inteira
As duas notas abaixo vieram na newsletter da Sabine Hossenfelder
Misteriosos Pulsos Duplos Detectados em Busca por Sinais Alienígenas
Um pesquisador do Observatório Shay Meadow, na Califórnia, descobriu flashes duplos inexplicáveis e quase idênticos de luz estelar enquanto varria os céus em busca de sinais ópticos de inteligência extraterrestre. Os pulsos, que duram menos de um décimo de segundo cada e são separados por alguns segundos, apareceram quase idênticos em observações de duas estrelas diferentes, feitas com quatro anos de diferença. Após descartar aviões, satélites, meteoros, pássaros e efeitos atmosféricos, o autor sugere que os pulsos podem ser causados por um pequeno objeto localizado em nosso sistema solar passando em frente às estrelas, embora isso não explique o pulso duplo. Por enquanto, ninguém sabe o que é. Artigo científico, aqui.
O Transistor Mais Rápido de Todos os Tempos
Pesquisadores da Universidade do Arizona desenvolveram a base para um processador que poderia rodar um milhão de vezes mais rápido do que os melhores computadores atuais baseados em silício. Eles o fizeram funcionar com transistores que podem ser ligados e desligados por pulsos de luz em apenas cerca de 600 attossegundos. Isso significa que esses transistores podem operar a mais de 1 PetaHertz, enquanto os processadores mais rápidos atuais operam na faixa de GigaHertz. É a primeira demonstração de que esse método funciona, que não requer resfriamento criogênico. Artigo científico, aqui. Comunicado de imprensa, aqui.
Esta nota veio na newsletter do blog Prohuman.ai
O Google permitirá que você teste o seu modelo mais inteligente antes do lançamento
O Google está apresentando a próxima versão estável do Gemini 2.5 Pro. Ele é mais inteligente, mais rápido e agora está disponível para testes antes do lançamento geral.
O novo 2.5 Pro é uma atualização da versão de maio, aprimorada para uso em escala empresarial.
Ele marcou 1470 no LMArena, mantendo a liderança após um salto de 24 pontos no Elo.
No WebDevArena, atingiu 1443, ganhando 35 pontos e permanecendo no topo da tabela de classificação.
Ele lidera benchmarks de codificação rigorosos como o Aider Polyglot e se destaca em tarefas que exigem muita lógica.
Ele apresenta pontuações máximas no GPQA e no Humanity's Last Exam, expandindo os limites em matemática e raciocínio.
O feedback de versões anteriores resultou em melhor formatação, criatividade e qualidade de resposta.
Você pode testá-lo agora no aplicativo Gemini, no Google AI Studio e no Vertex AI com novas ferramentas, como o Thinking Budgets.
A prévia do 2.5 Pro não se trata apenas de pontuações, mas também de confiabilidade. O Google está claramente ajustando isso para implantação no mundo real, e o acesso antecipado dá aos desenvolvedores uma vantagem inicial para entender suas vantagens.
Leia o artigo original, em inglês, aqui
O artigo abaixo é da Quanta Magazine
Quanta Energia É Necessária para Pensar?
Estudos sobre o metabolismo neural revelam o esforço do nosso cérebro para nos manter vivos e as restrições evolutivas que moldaram nosso órgão mais complexo.
Você acabou de chegar em casa depois de um dia exaustivo. Tudo o que você quer é relaxar e assistir ao que está passando na televisão. Embora a inatividade possa parecer um merecido descanso, seu cérebro não está apenas relaxando. Na verdade, ele está usando quase tanta energia quanto durante sua atividade estressante, de acordo com pesquisas recentes.
Sharna Jamadar, neurocientista da Universidade Monash, na Austrália, e seus colegas revisaram pesquisas de seu laboratório e de outros ao redor do mundo para estimar o custo metabólico da cognição — ou seja, quanta energia é necessária para alimentar o cérebro humano. Surpreendentemente, eles concluíram que tarefas que exigem esforço e são direcionadas a um objetivo usam apenas 5% mais energia do que a atividade cerebral em repouso. Em outras palavras, usamos nosso cérebro apenas uma pequena fração a mais quando nos dedicamos à cognição focada do que quando o motor está em marcha lenta.
Muitas vezes parece que alocamos nossa energia mental por meio de atenção e foco intensos. Mas a nova pesquisa se baseia em um entendimento crescente de que a maior parte da função cerebral se destina à manutenção. Embora muitos neurocientistas tenham historicamente se concentrado na cognição ativa e externa, como atenção, resolução de problemas, memória de trabalho e tomada de decisões, está ficando claro que, abaixo da superfície, nosso processamento em segundo plano é um núcleo oculto de atividade. Nossos cérebros regulam os principais sistemas fisiológicos do nosso corpo, alocando recursos onde eles são necessários à medida que reagimos consciente e inconscientemente às demandas de nossos ambientes em constante mudança.
"Existe esse sentimento de que o cérebro é para pensar", disse Jordan Theriault, neurocientista da Northeastern University que não esteve envolvido na nova análise. "Onde, metabolicamente, [a função do cérebro] é principalmente dedicada à gestão do seu corpo, à regulação e coordenação entre órgãos, à gestão deste sistema caro ao qual está ligado e à navegação num ambiente externo complexo."
O cérebro não é puramente uma máquina cognitiva, mas um objeto esculpido pela evolução — e, portanto, limitado pelo orçamento energético limitado de um sistema biológico. Pensar pode fazer você se sentir cansado, não porque esteja sem energia, mas porque você evoluiu para preservar recursos. Este estudo do metabolismo neural, quando vinculado à pesquisa sobre a dinâmica dos disparos elétricos do cérebro, aponta para as forças evolutivas concorrentes que explicam as limitações, o escopo e a eficiência de nossas capacidades cognitivas.
Leia a matéria completa, em inglês, aqui