Em agosto, na Santa Rita
Preso à coleira, gania
Face ao medo de ser vacinada
Agora, corre na Jabaquara
Alegre, solta, sem atinar
Do risco de ser atropelada
Pouco mais adiante, para
Frente à desconhecida,
Deixando de ser esquiva
Inicia diálogo mudo
E por isso talvez sendo
Até mais expressiva
Feliz, balança o rabo
Como a querer dividir
A felicidade do seu coração
Mas madame rosna de volta
Devolve-lhe o gesto, o carinho
Fazendo “arminha” com a mão
Olhando a mulher bem vestida
Em seu gesto – tão agressiva
Formando involuntário par
Impossível não perguntar:
Quem está mais perdida?
Quem está realmente viva?